Um prato tão típico nosso, tão Lisboeta!!
A história da meia-desfeita podem ver AQUI mas conta que era um prato típico do Bairro da Mouraria, comida de pobres e o nome vem do hábito dos clientes pedirem sempre meia dose.
A primeira vez que o comi foi na Taberna da Rua das Flores, do Chef André Magalhães.
Um restaurante na Baixa Lisboeta, tem o ar das tabernas antigas, onde o mais importante do tradicionalismo se manteve: a Nossa Gastronomia Portuguesa!
Sempre cheio, onde a comida tradicional portuguesa tem o toque de autor do chef, um ponto de paragem obrigatório, quando andamos por aquelas ruas de Lisboa!
Quando entramos sentimo-nos mesmo em casa, acolhedor, com a decoração dos tempos antigos, a fazer lembrar os nossos antepassados, quando eu ia às tascas com o meu avô, ele com um copinho de vinho na mão encostado ao balcão e eu sentada a um cantinho, encantada com uma côdea de pão caseiro em forno de lenha e a um naco de presunto! Sim, presunto, daquelas alturas em que se podia comer tudo que nada fazia mal, era tudo caseiro!!
Nesse dia pedi meia desfeita de bacalhau, e como péssima Lisboeta que sou, nunca tinha comido…
Mas sabia que estaria em boas mãos e que iria ficar agradavelmente surpreendida.
Um prato de pobre neste momento é uma iguaria! E pelas mãos do Chef ainda melhor.
Num prato rústico, mesmo a lembrar a loiça de casa dos meus avós, surge esta bela meia desfeita!
Nada seco, suculento e em belas lascas, lá estava o Rei da nossa Gastronomia: O Bacalhau! O grão mal se via, mas estava lá e no ponto: macio e tão saboroso…
Fiquei com este prato não só no estômago, mas também na memória!
Então em casa pus mãos à obra:
Tinha feito bacalhau cozido com grão (o bacalhau é de cura amarela e o grão é do seco, da Casa do Bacalhau, ambos a demolhar na mesma água).
Como sobrou bacalhau assim como grão, foi super fácil e rápido fazer esta receita!
Com a ajuda da minha mandolina Borner, cortei uma cebola roxa em rodelas finas! Um utensílio indispensável para esta receita.
Depois numa frigideira bem quente, colocamos azeite a cobrir o fundo e a cebola.
Deixamos que a cebola fique macia, em lume médio, e adicionamos 2 dentes de alho.
Cozinhar por mais 5 minutos mas sem deixar queimar o alho.
Refresquei com vinagre balsâmico e deixei reduzir, para formar uma espécie de cebola caramelizada.
Num recipiente, coloquei o grão já cozido, as lascas do bacalhau, coloquei a cebola, envolvi bem, pus mais um fio de azeite (caso necessite) e verti tudo para um tabuleiro de ir ao forno (podemos comer frio, mas decidi que era melhor quentinho).
Foi ao forno, só para aquecer ligeiramente (cuidado para não secar) e enquanto isso cozi um ovo por pessoa.
Passa evitar que os ovos fiquem com aquela “auréola” cinzenta, basta colocar os ovos em água fria, assim que acabe o tempo de cozedura. Ou seja, assim que começa a ferver, aguardar 6 minutos, apagar do lume, descartar a água quente e colocar os ovos em água fria, cerca de 5 a 10 minutos. Vai facilitar no descascar também.
Já no prato, servi a meia desfeita com o ovo, polvilhada com paprika fumada e salsa.
De comer e chorar por mais…
Os pobres é que sabiam comer!! Tão simples e tão bom…
Sim, eu sei… O meu é o oposto… Tem mais grão que bacalhau… mas sobras são sobras!!
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